quarta-feira, 30 de maio de 2012

Estética, Política e Nietzche

Esse texto vai pra um jornal da organização do COBREFIL - Congresso Brasileiro de Estudantes de Filosofia. Me falaram que o texto poderia sofrer alguma mudança de configuração e poderia ser alterado, para adequá-lo. Então resolvi postar aqui o texto completo. Em 1924 surgiu na Alemanha uma escola de pensadores que hoje é conhecida como escola de Frankfurt. Estes pensadores, entre muitas questões, se preocuparam com o problema da industria cultural. Para eles os meios de comunicação estavam passando longe da neutralidade, e por isso serviam aos interesses ideológicos dos poderosos. Através da cultura de massa esses poderiam perpetuar seus ideais. O que quero dizer com isso é que nos dias de hoje ainda presenciamos fatos que perturbam pessoas com um olhar mais atento e crítico, principalmente na mídia e nos jornais locais, perplexo me pergunto: será que "nossos" meios de comunicação estão pautados dentro deste princípio de neutralidade? Desde os tempos antigos a arte serviu aos desejos governamentais, por exemplo, os egípcios já usavam as pirâmides como símbolo de dominação, Alexandre, o Grande, também adotou uma estratégia que até hoje é comum, espalhar estátuas por onde conquistava para que as pessoas o reconhecessem. É inegável a autoridade que reina sobre as artes fazem milênios. Toda essa questão gera um debate, de um lado se a arte está obrigada a satisfazer os desejos de dominação social, ou então, buscar uma inversão disso na própria individualidade, o que me remete a teoria nietzschiniana sobre Apolo e Dionísio. Nietzsche no final do século XIX lança a ideia de que na transição do período moderno para o contemporâneo na história, começou a se desvelar uma nova forma de fazer arte, voltada para o indivíduo, não mais preocupada com as questões sociais (ou políticas), entendendo como “política” essa arte de organização social. Esse período da arte se dominou Romantismo, cujo movimento inicial surgiu através de nomes como Bach, Beethoven, na Música, ou Goethe, na Literatura. Esse período foi marcado por grandes obras de arte, e seguia uma linha oposta aos “poderes”, pois os artistas deixavam-se governar apenas por si mesmos e o seu mundo de sensações. No entanto, em meados dos séc. XX, com o advento da industrialização e da produção de massa surge um novo desafio, conter o poder avassalador que reinaria sobre as formas de expressão, pois, tudo agora deveria ser comercial. Com esse intuito surge a escola de Frankfurt, numa tentativa de estudar esse fenômeno. Lembrando que a industria de massa se apropriou das artes para seu lucro, o que é uma propaganda se não um teatro? Será que o Jô Soares não foi o Sócrates na vida passada?